Efeitos do Covid-19 no sistema vascular, com o Dr Marcus Rijo - Corrente pela Saúde Radimagem
“Olá, eu sou o Dr Marcus Rijo, cirurgião vascular do Hospital Conceição e da Radimagem.
Vamos conversar sobre a associação entre a infecção pelo novo coronavírus e as doenças vasculares periféricas.
Desde o início da pandemia, já se percebeu um grande aumento da incidência de doenças vasculares periféricas e de fenômenos tromboembólicos nos pacientes com infecção pela Covid-19. Posteriormente esses dados foram corroborados por estudos clínicos, e hoje se tem evidências muito robustas de que há um expressivo aumento na incidência desses casos nos pacientes acometidos pela infecção do novo coronavírus.
A infecção pela Covid-19 provoca uma grande resposta inflamatória sistêmica e também alterações dentro do endotério dos vasos, que é a camada mais interna que reveste nossos vasos sanguíneos.
Esses fatores levam a um aumento do índice de fenômenos tromboembólicos. Por exemplo, quando acometem o sistema nervoso central, acontece o AVC – Acidente Vascular Cerebral Isquêmico. Quando acometem os órgãos viscerais, podemos ter isquemias intestinais ou isquemias renais, entre outros, e quando acometem os membros – superiores, ou mais comumente, os inferiores – podemos ter isquemias, amputações, e também as tromboses venosas, que podem levar ao quadro de embolia pulmonar.
Todos esses quadros são, potencialmente, bastante graves, e ajudam a tornar a infecção pela Covid-19 mais grave, aumentando a possibilidade de mortalidade. Após a plena recuperação do paciente com Covid-19, não há dados na literatura médica que sustentem a hipótese de que essa tendência trombogênica se mantenha. No entanto, temos observado muitos pacientes com sintomas após a plena recuperação da infecção pelo novo coronavírus. Muitas vezes esses sintomas estão relacionados a eventos que aconteceram durante a fase aguda da doença. Portanto, se você tem algum sintoma que acha que pode estar relacionado com isso que falamos, procure seu cirurgião vascular para fazer uma avaliação.
Ainda existe um território muito amplo e desconhecido, a doença é muito nova, e a cada dia temos novas informações. Portanto, o mais seguro ainda é evitar a infecção, se protegendo”.